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ATÉ ONDE VAI O NEGÓCIO TV NOS DIAS ATUAIS

“Abasteça o seu carro com a gasolina Chevrolet!” Não, você não viu esse anúncio. Mas, quando uma marca de televisores cria uma empresa para orientar anunciantes, fica a impressão de que a verticalização pode alcançar níveis muito além dos atuais. E não ficou para trás aquela máxima “cada um na sua”. O que parece é que a “sua” de cada um agora é muito maior. O que estaria gerando essas interconexões tão extensas de negócios pode ser a transformação digital generalizada.

Mas há controvérsias. Teorias quase conspiratórias estariam entre as hipóteses. O que estaria movendo uma empresa como a Samsung a investir tanto e vir a público apresentar um negócio tão distante do seu core tradicional? Samsung Ads é o nome da divisão da empresa que “traz uma nova maneira de apresentar e consumir publicidade, que reflete as transformações que estão ocorrendo com o consumo de conteúdo na TV.” E que “transformações” seriam essas? Essio Floridi, Diretor de Vendas da Samsung Ads na América Latina, explica numa das páginas da empresa na internet: “O consumo de conteúdo linear vem perdendo espaço e há um movimento intenso rumo a serviços on demand, plataformas de streaming e games.”

Ao que parece, a maior fabricante de televisores do mundo quer viabilizar o máximo possível de canais de TV gratuitos por streaming (FAST). Assim, um aparelho de TV se torna um entretenimento totalmente autônomo, que não depende mais da transmissão de conteúdos fora da internet, como os que chegam por cabo ou antenas. O streaming seria o caminho natural e irreversível para o entretenimento TV, em detrimento da TV tradicional, a TV linear, que tem programação fixa para cada dia da semana. O direcionamento para uma TV totalmente via internet aparece no momento em que o consumidor abre a embalagem de um televisor novo da marca. Toda a orientação de configuração é no sentido de acesso a canais de streaming, pagos ou gratuitos.

A mobilização da Samsung Ads em torno dessa nova visão sobre o entretenimento TV é apreciável. No mês passado aconteceu em São Paulo a segunda edição do Samsung Ads Talk “um encontro com o mercado para debater tendências, dados e temas atuais relacionados especialmente à TV conectada”, segundo o site TelaViva. O Brasil é especialmente importante para a fabricante pois é o maior mercado da marca na América Latina e um dos maiores do mundo. E isso contribui para a Samsung ocupar a liderança global no mercado de TVs há 15 anos consecutivos.

O tema do evento girou em torno de um estudo denominado “Regra dos 30”. Segundo Floridi existem muitas distorções nos investimentos em mídia por isso “fizemos um estudo para embasar cientificamente e otimizar esses investimentos”. O que ele próprio chama de “um número mágico” é o share ideal de alocação do total de verbas publicitárias de TV para publicidade em TV conectada (CTV), que seria de 30%. Para chegar a esse número foram observados três contextos. As jornadas de consumo de conteúdo nas Smart TVs, o perfil de consumo por gênero, idade e afinidade e os investimentos em publicidade. Três fontes de dados foram exploradas: os mais de 18 milhões de Smart TVs da Samsung no Brasil, todos os consumidores de Smart TV, inclusive da Samsung e dados da Kantar Ibope sobre investimentos em mídias.

Os milhões de aparelhos da Samsung pelo mundo representam uma poderosa fonte de dados atualizados permanentemente. Seria uma “posição incomparável na interseção de hardware, software e publicidade” que permite, por exemplo, manter “a maior fonte única de dados de TV do mercado, alcançando 3 em cada 4 lares nos EUA.” De acordo com o site da empresa, “a Samsung Ads é alimentada por reconhecimento automático de conteúdo, ou a tecnologia ACR”, que permite “obter informações diretas sobre o comportamento de visualização”.

O curioso é que essa mesma Samsung é um dos principais desenvolvedores do hardware da TV 3.0. Pelo potencial dessa tecnologia ela pode alavancar a TV aberta no mundo todo, em oposição ao esforço para o domínio exclusivo do streaming. O grande desafio para que isso se torne uma realidade é a capacidade de investimento das emissoras para implantar a geração 3.0 da TV digital. E nesse caso o Brasil tem especial protagonismo. Somos o maior parque de TV aberta do mundo, com uma experiência muito bem sucedida junto aos anunciantes. E a maior rede brasileira de emissoras – a TV Globo – também player de destaque no mercado de streaming mundial, demonstra forte envolvimento com a TV 3.0. Paradoxos desses tempos em que o ímpeto tecnológico põe em cheque todas as verticais de investimentos.

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