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TECNOLOGIA BRASILEIRA NA PONTA DA TV 3.0

A terceira geração da TV digital – TV 3.0 para os íntimos – ainda não chegou ao Brasil. Mas o Brasil já chegou na TV 3.0. Isso quer dizer que já existe tecnologia brasileira lançada para a última geração da TV no mundo. Coisa difícil de se pensar num passado nem tão remoto. Antes a televisão era uma coisa que acontecia entre meia dúzia de emissoras e milhões de aparelhos sintonizados em grandes redes. Nesta última geração a televisão vai passar a existir num ambiente de comunicação onde atuam múltiplas fontes, cada uma delas oferecendo opções de conteúdos e efeitos. Os efeitos, no caso, equivalem a formatos, ou “embalagens” – ou acessórios, se preferir – que apresentam os conteúdos do jeito que cada espectador quer ver.

Não, não é complicado. Se fosse nem entrava na roda. Pensou em TV tem que ser simples, ou não emplaca. O controle remoto chegou nos televisores para facilitar. Apertava um botão pra mudar de canal, outro diminui ou aumenta o volume, e ainda tinha brilho e contraste. Veio depois o vídeo cassete, o home theater, a TV a cabo, a parabólica. E um controle remoto para cada um. Para! A coisa ficou muito complicada. “-Não mexe nisso aí senão eu não acho mais minha novela”, declarou uma fonte influente daquele apartamento.

Com a 3.0 é diferente. Depois de uma configuração muito simples a tia pega o controle remoto e liga a TV. Aparece uma tela onde tem uma relação dos usuários, cada um com seu ID, como se fosse um e-mail. Clica no nome dela, se quiser vai estar protegido por uma senha. A partir daí ela entra na TV onde está tudo organizado do jeito dela. Por exemplo, pode estar configurado apenas com “novela das 7”, “novela das 9”, “jornal”, “previsão do tempo”, “série 1”, “série 2”, “série 3”, “escolher canal”. Se clicar em “novela das 7” vai cair, por exemplo, no último capítulo da novela das 7 da Globo. Não importa a que horas ela vai ligar. No aplicativo dela o último capítulo vai estar lá. Clicou em “novela das 9” entra na tela o último capítulo da novela das 9 do SBT, pode ser. O “jornal”, quem sabe, o da Band, “previsão do tempo” é de um site que atualiza a cada hora. Em “serie 1” – que pode estar configurado também como “Todas as Flores”, por exemplo – entra o último capítulo daquela série da Globo. Em “série 2”, está uma série que ela escolheu na Netflix e no “série 3” uma outra, da Amazon. Se ela preferir pode clicar em “escolher canal” e vê o que está no ar naquele momento, no canal que ela quiser. Achou complicado? Então configure do seu jeito. Que tal seus videogames, seus sites, o seu serviço de streaming preferido, para você abrir o menu e escolher o filme que quiser. Quem sabe um canal de esportes ou uma relação de tudo que foi ao ar hoje sobre o seu time.

Algumas emissoras podem até oferecer configurações prontas para você. Uma sedução arrebatadora. Essa é uma das ideias brasileiras que está fazendo sucesso na NABShow 2024, em Las Vegas. É o principal evento no mundo sobre tecnologias de TV e mídias em geral. Na edição deste ano está sendo lançado o EiTV BrAS – ou EiTV Broadcast App Automation Suite. Um sistema baseado em Inteligência Artificial (IA) que “assiste” toda a programação que vai ao ar e edita, em tempo real, um clipping de cada conteúdo. Melhores imagens, trechos de entrevistas, sequências. Nada aleatório, tudo feito com base em critérios de destaque. Todos esses clippings vão direto para a nuvem, à disposição de cada espectador. Num jogo de futebol tem todos os melhores momentos disponíveis para acessar a cada tempo do jogo. No noticiário, em poucos segundos o resumo de cada reportagem. O mais interessante é que o EiTV BrAS funciona tanto na TV ATSC 3.0 (americana), como no atual DTV Play (brasileiro). E será facilmente adaptado para o sistema 3.0 que for escolhido no Brasil. Se o sinal e a transmissão são completamente diferentes de uma geração para outra, a base do código de informática, se desenvolvida adequadamente, pode ser adaptável a qualquer sistema de transmissão.

Outros dois lançamentos da EiTV na NABShow 2024 são sistemas técnicos para desenvolvimento e controle de qualidade. O EiTV Lab Stattion simula uma emissora ATSC 3.0 completa. Assim, antes de levar ao ar, novos aplicativos e sistemas podem ser testados com precisão. Por fim, o ATSC Analiser Box é um sistema de campo. Um equipamento portátil que, sendo ligado em qualquer lugar pode medir todos os parâmetros de qualidade, naquele ponto, do sinal de uma emissora aberta. Tecnologias brasileiras desenvolvidas para a TV em seu estado mais avançado no mundo.

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